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25/05/2017

A CERIMÔNIA DA INSISTÊNCIA
(Nelson Castelo Branco Eulálio)
Não consigo perdoar nem a ti nem a vida 
Por negarem-me a oportunidade 
De descobrir em teu corpo 
Todo o mistério do universo. 

Por que não pude beijar teus seios 
Fontes de amor e vida? 
Por que não pude beijar tua alma 
Pela janela da tua feminilidade? 
Por que não pude sentir por dentro 
O mais recôndito do teu corpo 
Mesmo que fosse por entre fios de látex? 

Negar a realização do amor que nos bate à porta 
É crime de lesa-natureza.
E tu serás cobrada por essa recusa 
Quando perceberes que as efêmeras paixões 
Que hoje te animam o ser 
São apenas pálidos reflexos 
Do que podias ter e recusaste. 

Por causa de tua negativa 
As estrelas se quedaram silentes; 
A lua ficou triste, encabulada; 
O sol amanheceu constrangido. 

Toda a natureza sentiu-se negada 
Pela simples volição de uma mortal! 
Que poder é esse que o homem tem 
De negar o ser, de recusar-se a criar? 

Que poder é esse que te foi dado 
De negares a realização do amor? 
Já pensaste que tu poderás querer 
(e não ter) 
justamente o amor que te foi oferecido 
e que tu simplesmente recusaste? 

A tua recusa constrangeu todo o Olimpo 
Aliás, dos deuses gregos aos romanos 
De Eros a Afrodite. 
Deixaste desconcertado o Cupido 
Profanaste o altar de Vênus. 

Mas podes crer que Zeus 
Que jamais permitiu tanta soberba 
De uma simples mortal (embora linda) 
Vai cunhar em etéreas plagas 
A sentença que encimará tua imagem de mulher 
E a de todas iguais a ti: 
"Aqui jaz, neste corpo de mulher 
o amor estéril que não se pode realizar." 

E esta será tua sina: Ensinar a todas as mulheres 
Que ao amor não se pode nada negar.