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24/05/2017

LÉSBIA (Cristóvão  Ayres)
Não há olhar mais doce
nem mais formosa boca,
nem mais suave e etérea formosura;
porém no olhar dessa criança louca
nem o reflexo duma crença pura!
É como se ele fosse
talhado em pedra dura.

Aquele seio dela, essa riqueza
que não tem outro igual em toda a terra,
aquele coração onde ela encerra
tão gélidos desdéns, tanta frieza,
aquela boca, coralínea taça,
que pede beijos e recusa dá-los,
aquele altivo olhar que faz vassalos
por onde passa,
todos esses prodígios de beleza,
todo esse imenso abismo da desgraça,
quem os quiser possuir há de comprá-los!