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18/07/2017

A LUCIDEZ DO AMANTE QUE ADORMECE
(António  Ramos  Rosa)
A lucidez do amante que adormece
sobre o seio da amada é a respiração da palavra
que movendo-se se deita sobre o seu ténue leito
que é uma nuvem que avança e no ar se dissipa.
Mas o seio da palavra é o seu horizonte
que está para além de uma montanha branca
de silêncio e vagarosa luz
e quando se abre é plumagem de uma ave
que não tem corpo e é o que não há
num cintilar de nulo sortilégio
em que a lucidez encontra o seio e o horizonte
que vibram com a côncava harmonia
de não serem mais que a ténue integridade
de uma matéria que se tornou ritmo e puro espaço.