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23/07/2017

O AMOR ( Eugénio de Andrade )


Estou a amar-te como o frio 
corta os lábios. 
A arrancar a raiz 

ao mais diminuto dos rios. 
A inundar-te de facas, 

de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas 

a boca mais vulnerável 
A marcar sobre os teus flancos 

o itinerário da espuma
Assim é o amor: mortal e navegável.