I
Cabe a supremacia á rosa, entre o complexo
das flores, pelo viço e pela pompa sua,
e o aroma que ela traz sempre á corolla anexo
o coração humano excita, enleva, estua.
Quando essa flor se ostenta á luz tibia da lua,
o luar busca enlaçal-a, amoroso, perplexo,
e ela sonha, estremece, oscila, ri, fluctua
e desmaia, ao sentir esse etheral amplexo.
Si é rosea lembra carne ardente, palpitante
nívea – lembra pureza e nada ha que a suplante,
rubra – de certa boca os lábios nela vejo.
Seja qualquer a cor, por sobre o hastil de cada
rosa, vive a mulher, nos jardins flor tornada:
- símbolo da volúpia a excitar o desejo.
II
Rosas cujo perfume, em noutes enluaradas,
é um sortilégio ethereo a transpor as rechans;
rosas que á noute sois risonhas, floreas fadas,
de cutis de veludo e tenras carnes sans.
Sejais da cor do luar ou cor das alvoradas,
rosas, sois no perfume e na alegria irmãs,
e todas pareceis, á luz desabotoadas,
a concretização dos risos das manhãs!
Ó rosas de carmim! Ó rosas roseas e alvas!
ha nesse vosso odôr toda a maciez das malvas,
a púbere maciez do pêcego em sazão.
Dae que eu possa gosar, ao vosso collo rente,
esse perfume, a um tempo excitante e emolliente,