Ó meu amor minha raiva
meu sol posto a rubro
numa praça
minha voragem meu barco
minha vingança de mar
onde me perco e me mato.
Ó suicídio Ó silêncio
Ó beber pelos teus braços
respirar a tua boca
precipício que desato.
Ó corpo que sei ser meu
mas que me foge
e não toco
que voragem de dizer
que prazer que não invoco
de te pensar e morrer
de só te ter pouco a pouco.
Ó ódio de bem te querer
Ó ternura de ser tua.
Ó vontade de correr
contigo no meio da rua.
Ó meu amor - desdizer
Ó meu crime de mentira
viagem - mito - prazer
meu interior de colina.
Que grito mais rasgado se domina
que medo transformado numa espada
que casa mais secreta e mais vazia
que água mais domada e mais amarga.
Minha ferida - consciência
minha loucura encontrada
como arma de gatilho
pronta a me ser disparada.
Ó alegria Ó veneno
Ó ódio de me seres tudo
verdade de eu nada ser
na construção do teu mundo.
Que fogo inquieto não
iludo
que certeza encontrada
não pergunto
que fuga não domino
e porque luto
que dor não domino
e que desfruto.
Ó noite não somente
e também dia
Ó rio não somente
e também corpo.
Ó febre não somente meu limite
mas minha invenção
e meu desgosto.
Minha evasão - meu país
meu habitar muito lento.
Ó meu amor meu invento
meu futuro a destruir