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26/07/2017

POEMA DE MUITO AMOR ( Maria Tereza Horta )


Ó meu amor minha raiva
meu sol posto a rubro

numa praça

minha voragem meu barco

minha vingança de mar

onde me perco e me mato.

Ó suicídio Ó silêncio
Ó beber pelos teus braços
respirar a tua boca
precipício que desato.

Ó corpo que sei ser meu
mas que me foge
e não toco

que voragem de dizer
que prazer que não invoco
de te pensar e morrer
de só te ter pouco a pouco.

Ó ódio de bem te querer
Ó ternura de ser tua.

Ó vontade de correr
contigo no meio da rua.

Ó meu amor - desdizer
Ó meu crime de mentira

viagem - mito - prazer
meu interior de colina.

Que grito mais rasgado se domina
que medo transformado numa espada
que casa mais secreta e mais vazia
que água mais domada e mais amarga.

Minha ferida - consciência
minha loucura encontrada

como arma de gatilho
pronta a me ser disparada.

Ó alegria Ó veneno
Ó ódio de me seres tudo
verdade de eu nada ser
na construção do teu mundo.

Que fogo inquieto não
iludo
que certeza encontrada
não pergunto

que fuga não domino
e porque luto

que dor não domino
e que desfruto.

Ó noite não somente
e também dia
Ó rio não somente
e também corpo.

Ó febre não somente meu limite
mas minha invenção
e meu desgosto.

Minha evasão - meu país
meu habitar muito lento.

Ó meu amor meu invento
meu futuro a destruir
em negação do seu tempo.