ESPADAS DA MELANCOLIA
(Eugénio de Andrade)
Um corpo
para estender a náufragos – o teu corpo.
Um rasto de cadelas aluadas,
um charco de maçãs apodrecidas
ou longas cabeleiras apagadas.
Não dizias palavras, ou só dizias
aquelas onde o rosto se escondia.
Palavras onde o sangue não abria
a corola de fogo à madrugada.
O azul não canta, a água morre
na mais secreta boca do teu corpo.
Aqui não brilha a terra, a luz é fria,
aqui o horizonte não respira.
Não havia vento: só medo e cobardia.
Um corpo
para estender a náufragos – o teu corpo.
Um rasto de cadelas aluadas,
um charco de maçãs apodrecidas
ou longas cabeleiras apagadas.
Não dizias palavras, ou só dizias
aquelas onde o rosto se escondia.
Palavras onde o sangue não abria
a corola de fogo à madrugada.
O azul não canta, a água morre
na mais secreta boca do teu corpo.
Aqui não brilha a terra, a luz é fria,
aqui o horizonte não respira.
Não havia vento: só medo e cobardia.