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setembro 08, 2024

OUTONO ( Florbela Espanca )

 Outono vem em fulvas claridades.

Vamos os dois esp’rá-lo de mãos dadas:
Tu, desfolhando as rosas das estradas,
E eu, escutando o choro das saudades.

Outono vem em doces suavidades.
E a acender fogueiras apagadas
Andam almas no céu, ajoelhadas.
E a terra reza a prece das Trindades.

Choram no bosque os musgos e os fetos.
Vogam nos lagos pálidos e quietos,
Como gôndolas d’oiro, as borboletas.

Meu Amor! Meu Amor! Outono vem.
Beija os meus-olhos roxos, beija-os bem!
Desfolha essas primeiras violetas!