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setembro 14, 2024

SONETO DO SONO ( Ruy Espinheira Filho )

A tarde é tão serena que parece
vir do hálito que sobe do teu sono.
Vejo-te a ir nas nuvens do abandono,
comovido de calma. A tarde desce

ao longe, sobre o mar. Mas lenta e leve,
que assim a exala o sonho desse sono.
E tudo, enfim, é o sopro do abandono,
como o seu sussurrar na mão que escreve.

Dormes como num voo. Como se fosse
quando o tempo era jovem. E me sinto
pleno de mar e luz e céu — e sou

soberbo e claro por estar absorto
no abandono desse pó de estrelas
que se juntou para inventar teu corpo.