No armário do meu quarto escondo de tempo e traça meu vestido estampado
em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de longas hastes
delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, e volatiliza-se a memória guardada: eu estou no cinema e deixo
que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.