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07/06/2025

VÉUS ( Célia Moura )

Este barco à vela, navegando

Defronte à magnificência Divina
Vestindo frágeis encantamentos
Num cais incerto,
São inércias cuspindo fogo
Ao inerte ventre das estátuas nuas
Namorando antigos candelabros.

E esta exaltação no templo da paixão
De claustros suspensos
Em madrugadas de chuva douradas
Cobrindo a desfolhada dos corpos
É meu grito!

E deste grito,
Âmago de linho, inundado, desperto, sorrindo
Bebo o sangue da poesia fecundada
Em murmúrios de vinho doce
Bebo ausências prenhes de exaustão!

Revolvo encalhadas e ébrias as palavras
Em todos os escombros
No firmamento do Amor
E espero somente
O cerrar das pálpebras
Em apoteose
E quando o vento beijar hinários exaltados
À imagem dos amantes
Eis breve a celebração das exiladas rosas
Boémias valsas
Meu amor
Segredos nossos
Embalando
O remoto desassossego
Dos teus passos
Ecoando o gemido do Tempo
Pelo soalho do Destino.