Para a Soror Saudade
No claustro, o silêncio ensurdece.
Fado? A alma resiste e canta.
Da mouraria chegam ecos de vozes distantes.
Torres de marfim e vitrais formam
paços adornados com lágrimas e cristais,
gotas brilhantes que correm pela face das monjas
e são, caprichosamente, colhidas
pelas mulheres e por homens que versejam em Portugal.
Ouço dizer de Princesas ornadas.
De virgens pálidas e febris
refletidas em vitrais espetaculares.
Seus sexos são cobertos por violetas maceradas
que perfumam e inebriam os pensamentos,
desviando os caminhos de quem passa.
Seus sonhos sensuais aquecem o frio das celas de ouro.
A simplicidade de seus gestos contrasta com
o tesouro: pérolas e jades que saem de suas bocas
rosadas.
- Oh! Roseirais e lírios que perfumam os campos!
- Oh! Árvores que guardam os ninhos dos rouxinóis,
levem este canto, espalhem este odor e retornem plenos.
Tudo o que vejo é santo, é vivo, causa espanto:
O universo, o caos, a beleza...
- Astros dispersos iluminam verbos e letras e inquietam
amantes que nunca se tocaram, e despertam na