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24/06/2025

I (Mayra Oyuela )

 Toda nudez é medíocre se se está só,

medíocre a alegria,
insuficiente se não é no corpo amado.
Humilhante é toda paixão
se não há mãos para beijar
nem memórias para roer.
Sofrer por amor é paz,
aturdir-se nas frestas de um amor
como a memória primária,
como a necessidade primária
e afogar-se pela inocuidade de um desejo.
Proeminente é o amor,
camafeu sob a pele que não se deixa ver.
A raiva é a parte mais febril dos amantes,
terrível é o amor, terrível
e cada vez é como se fosse a primeira.
Amar é deixar-se devorar,
é toda ausência de sigilo,
amar não é para amantes,
amar é para astronautas
e para pessoas com os pés na terra
e a cabeça no espaço que as dúvidas ocupam.
Mais uma vez como queda em desgraça,
ardente a pálida luz das palavras que convoco,
o bom senso não há de ser meu melhor aliado,
pronta a tudo o que foi dito
alimento com alfabetos as esperanças
que morrem na minha casa
estou perdida!
Retorno,
o amor foi o maior dos meus vícios.