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01/06/2025

SÔFREGOS SARGAÇOS ( Rita Santana )

 És o sopro que invade meu peito

Quando morro por dias.
Apenas ama e alinhava os desencantos,
Enquanto sofro perdas.
Aceito o tempo da sapiência,
Que às vezes não chega jamais!
Cirze, como fêmea, rasgos e danos.

Espanto-me com a tua incapacidade
De reatar tecidos rasurados pela dor.
Sou feita de desforras, de jades partidas,
Feita de desagravos que me afastam das gentes.
Não profano o que amo: amor é-me sagrado!
Lanço-te ao Mar dos Sargaços, entanto,
Dada a gravidade da contenda.

Há deusas soprando árias
Em invólucros da nossa alma de amantes.
Acalma teus vulcões, acalma tua erupção!
Um sopro que amenize a febre,
Sussurro de soprano em teu ouvido.
Transformo-me em Circe, se te quero cordeiro ou porco!

Todo o gozo é preparação precípua para a morte.
Iniciação e ofego das nossas núpcias.