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08/06/2025

Célia Moura

 Não, já não é a saudade,

muito menos seiva em ebulição
nos corpos famintos de lascívia e dor!
Não, já não sabe sequer a paixão
esse teu ventre enlaçado ao meu
como se fôssemos magníficas obras de Rodin.
Belas são as fontes e os cânticos dos rouxinóis
rasgando madrugadas!
Não, já nem sequer é cansaço esta espera de nós
vibrando “la vie en rose” pelas ruas debruadas a silêncio
licor, mel e vinho
porque todos os cansaços se extinguiram
tal como doces eram os néctares e as telas dos poetas
em promessas vãs de embriaguez.
E nós que fazemos aqui?
Nós talvez sejamos as moribundas mãos que ainda plantam sementes,
conscientes que nos sobreviverão.
Nós provavelmente seremos as ternas (eternas) crianças roendo maçãs
gargalhando, saltitando sem “eira nem beira”
ousando e dilacerando a loucura
para que Osíris nos liberte todos os gritos,
todas os mares
e derrame pétalas de orvalho
como se fossem tiaras de flores
em nossas cabeças.