talvez alguém me prenda
por causa deste decreto-poema
talvez alguma mulher
ainda a prenda da casa
na poesia por decreto
eu decreto
não passarei mais roupa
nem passarei mais pano
quantos livros poderiam ser lidos
enquanto engomavam camisas?
quantos poemas poderiam ser escritos
enquanto passavam vestidos?
quanta literatura foi gasta
em roupas bem passadas?
talvez me prendam
os olhos julgadores
das regras impostas
na amurada noturna
quando ainda não sabíamos que
não
não era amor
era trabalho não remunerado