Dizem que escrevo como um homem.
Como um músculo que morde,
como um punho fechado em sílabas.
Como um homem.
Dizem que escrevo como um homem,
mas esquecem-se de perguntar
se a frase tem útero,
se a metáfora menstrua,
se a vírgula rasga a garganta
antes de nascer.
Dizem que escrevo como um homem.
Mas eu escrevo como um corpo,
como um dente cravado na folha,
como um berro que não se desculpa.
Escrevo como um trovão sem género.
E que se foda o pronome.