O MAR POR DENTRO (Maria Rezende)
Eu pus as mãos no seu cabelo sem pedir
eu te toquei e só então vi: te invadi.
Todo corpo é uma casa
cada corpo é um frasco onde se lê: frágil
onde se lê: força
onde se lê: entre sem bater.
Há entre nós silêncios confortáveis
e conversas transparentes
palavras feitas de dedo e vapor
palavras que só acordam com o calor.
Moça de duas bocas que sou
eu te devoro
de devolvo
te leio com as mãos
durmo nos teus braços
não te prendo
eu te passo, passarinho
e agradeço pelo ninho de sonho entre meus frutos
pela seta apontada pro presente
pelo afeto direto e sem rodeios
por tudo que a gente não disse.
Você só seria mais bonito, moço