Já ouvimos esta história
Mil vezes, não ouvimos?
Desponto de teu peito,
Límpida e desnuda
Para alentar tua fome
E aquecer teu frio
Mas os relatos subtraem
O momento em que desabrocho
E, sempre insensato, rompes
Uma costela — precisa, aguda
Para cravá-la em meu dorso
E tingir-me a tez de rubro
(Então jazemos, enredados, mão
Ao pescoço, dentes à pele,
Solo envolto em carmesim
Onde se desfazem os fios
De minha carne —
Logo, sucumbo)
Mas os deuses, sempre ímpios,
Ainda assim me desterram;
Então, deixo os campos
Empíreos — só, à deriva
Para descingir nossos laços
E me livrar de tuas garras
E minhas veias cantam, em tumulto
E alívio, cada vez que percorro
As ruas, pena e espada em punho
E gentil furor em meu seio
Para te lavar de minhas mãos
E te expulsar do meu ventre.