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12/03/2025

UMA COLCHA DE LINHO ( Célia Moura )

 Jaz uma colcha de linho no passado

Das orquídeas
Quando tua sofreguidão se esbatia entrecortada
Na penumbra
Gemendo a saudade
Nas cortinas velhas do quarto antigo
Tuas mãos ainda habitam o séquito do meu corpo
Nesta ausência.
Sabes, fui até ao cais de nós e esqueci de voltar.
Estávamos senis, enlouqueceramos em todos os orgasmos.
Mas os pardais, aqueles que fizeram ninho
Nas telhas do antigo quarto,
Eles sempre regressam, chilream livremente.
Jazem dois corpos enlaçados de paixão sob a colcha de linho.
Vejo-os tão longinquamente,
Espero-te.
Meu corpo sempre arderá nos teus lábios.