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04/03/2025

OLHO A SUA BOCA ( Joaquim Manuel Magalhães )

 Olho a sua boca.

Tanto que vem o punhal da luz

levar-me os olhos.

O carvão, a cinza dos

meus olhos. Os seus.

A sua boca, o sulco

onde me pergunta e eu

respondo. A morrer,

a olhar anavalhado

o seu brilho bravio.

Sons de sirenes, uivos,

estrondos, desabamentos,

ravinas donde rompe

o amor. A sua boca.