Ah se eu fosse poema
Haveria de te degustar amada minha
Inteira tal como um trago de aguardente bem velhinha,
Na prostituta mais imunda torneando a estrada
Como se torneasse teus mamilos
E ainda que viessem ninfas e
Orquídeas pelo meu sexo acima
Que me importaria!
Que teu corpo fervilhasse sevilhanas
Pelo dorso das colinas
Enquanto em ti esfinge amada
Saboreasse a doçura do mel.
Ah meu amor, se eu fosse poema
Não haveria fome,
Tua camisa de algodão seria puro cetim
Jamais chorarias pelas crianças que não consegues enlaçar
Enquanto me renderia ao campo de papoilas
Que trazes no olhar.
Sabes mulher,
Se eu fosse poema, o teu poema
Inaugurava-te para sempre êxtase
Meu leito de rio.