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01/03/2025

QUIROMANCIA - INICIAÇÃO ( Helena Costa Carvalho )

 Ver para sondar linhas incontínuas,

declives do coração, a corruptela
lasciva numa mão aberta.

Pensava no corpo nu e no olhar
desperto para os labores da forja,
da inscrição, pensava
no exame escolástico das impressões
desde que o primeiro sangue tingiu de ferro
a pele potável em gozo mercurial,
como luz queimando a púrpura
a boca de um travesti

: e a cada sulco o seu desastre.

Abro a mão direita ao final de cada dia,
afastando os dedos como um animal de espinhos
em agonia olímpica. Procuro vestígios
desse mênstruo tenro, a gesta
metabólica, a sua cavalgada.
Um resquício do primeiro cio
ou o desenho inequívoco
de um talento.
Uma vogal que me faça arder
para além dos desastres.