O corpo tendia para a crucificação
o justo golpe em espaço livre no tempo em que
a tarde queimava num banco de jardim
e os seres sonhavam a geração inteira na sua sobrevida,
o dorso quente sobre a madeira a exalar
temores, respingos de ar
a fome cortesã.
Éramos o alvorecer, os deuses juvenis a que Deus
dava calor e bênção, assombro térmico
de mão vulcânica sobre as frontes mornas
quase aéreas
despregadas pela compaixão.
Do corpo sabia-se pouco mais que a ânsia
replicada a cada ano, ouvia-se dele
o sopro avulso
o assobio do cutelo raiando o sexo,
sabia-se por vezes a seda mínima
fugitiva,
e um odor de especiaria adocicando parques
e caves íntimas, incenso-fátuo
nas tardes que ebuliam precoces
de tanto verão.