buscando a mim mesmo
revelo-me insolúvel
como a água corrente
vejo-me pelo seus olhos
sou cristalino como o rio que passa
por debaixo desta ponte
fresco e incolor
pego-me pensando
o que faz do ser humano, humano
seu corpo constituído por água
como eu, transparente?
como eu, translúcido?
como eu, lúcido?
como eu, insípido?
o som das ondas se chocam
se colidem
se machucam
ânsia dos navegadores
suas naus no meio desse caos
perpetuado por um Deus
Deus esse que sente raiva
pelas suas ondas e sem pudor
transmite sua cólera para seus
indolentes filhos, nauseantes do
balançar do mar
em uma alucinação
sinto-me gotejar
liquefaço-me em vinho
o mais fino dos tintos