MISTÉRIO (
Pedro Homem de Mello)
Teu corpo veio a mim. Donde viera?
Que flor? Que fruto? Pétala indecisa.
Rima suave: Outono ou Primavera?
Teu corpo veio como vem a brisa.
Rosa de Maio, encastoada em luto:
O dos meus olhos e o do meu cabelo.
Um quarto para as onze! E esse minuto
Ai! nunca, nunca mais pude esquecê-lo!
Viu-se, primeiro, o rosto e o ombro, depois.
E a mão subiu das ancas para o peito.
Quem és? Sou teu. (Quando um e um são dois,
Dois podem ser um só cristal perfeito!)
Um quarto para as onze! Caiu neve?
Abri os olhos! Era quase dia.
Ou bater de asas, cada vez mais leve,