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dezembro 16, 2016

O MEU TROFÉU  (Carmem  Cinira)
Ah! tu não compreendeste o meu amor
E o teu ardor
Foi tão fictício,
De tão superficial e tão fugace,
Que para mim teu corpo
Era como um enorme precipício
Onde tua alma repousasse.

Ao beijar os teus olhos, entretanto,
Meu enleio foi tanto,
Minha ternura tão do fundo do meu ser,
Que é bem de crer
Que as tuas pálpebras
Ficaram mais escuras:
Nelas deixei – e não o pressentiste! –
Como que a sombra triste
De minh´alma enlutada de amarguras.

E, desde então,
Eu tenho a sensação de haver provado,
Tangida pelo gozo
De uma volúpia estranha,
A luz do sol nascente
Antes de rutilar sobre a montanha,
A frescura de um fruto delicioso,
Agreste e ignorado,
E o néctar de uma flor inda em botão.
É que ao beijar teus olhos, finalmente,
Fi-lo com tanta sutileza,
Com uma ânsia tão louca
E penetrante
De sentir-me em teu íntimo,
Que cheguei desse abismo à profundeza
Transpondo triunfante
A tua indiferença e a tua calma.
Ouve, querido: eu trago em minha boca
O sabor de tua alma!

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