Decerto guardou a pétala do primeiro sangue
entre a malha das calças
e o dorso do cavalo branco. Imagino-a
sofrendo o golpe e queixando-se dos solavancos,
de um relento negro, um punhado
de amoras que esmagou sem querer.
Imagino-a na margem de um riacho
lavando as coxas ruivas,
desenfaixando o peito,
afagando a penugem do queixo
para engrossá-la
e cuspir aos pés dos homens no sobrado
e à noite, sozinha, raspá-lo,
reunindo as lascas de madeira para erguer
uma cabeça de rapaz, uma fronde suada
e feroz que lhe espreite os pensamentos
e lhe sopre pela gola do camisolão
e se deixe despentear, fotografar, ser visto
nos bares, um rapaz cujo rosto rejuvenesça
após um desgosto de amor.
Ou nos dias livres imagino-a
abrindo as persianas para rasgar
olhos ao poente, testemunha do seu corpo,
de como se feriu no voo e soube
suturar-se