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outubro 23, 2024

NAS ARTÉRIAS ( Célia Moura )

 Trago nas mãos

palavras prenhes
de ousadia.

Emaranharam séculos
sobreviveram corpos
fogueiras de inquisição
mas é nas artérias
que se rasgam véus
e explodem lavas,
lavradas pelo capricho do tempo.

Se permito que te aninhes no meu néctar
e me devores
é apenas porque a sacerdotisa do templo
sorri,
e urge morrer em ti,
num delírio selvagem de corpos
sémen, odores, gargalhadas, lágrimas
um grito!

Só assim renasço meu amor.