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18/05/2025

DE MINHA CONCHA ( Marize Castro )

 De minha concha ouço todos que chegam

Seminua vejo os primeiros amantes
Os mais belos causam-me fulgor
Os menos belos, nostalgia
Não resisto aos mais vulneráveis
Suas mandíbulas de ouro fascinam-me:
triturem-me, peço-lhes

O dilúvio desses olhos aterroriza

No matadouro mais próximo, entregam-se
novos e velhos corpos
(entre línguas de felpa, o divino se mostra)



Então repito:

toca-me, ar
toca-me, água
toca-me, fogo
toca-me, terra
toca-me, éter



Eis o inevitável:
quedo-me