Ela põe um beijo fálico
Em minha face, lira líquida
Traz um sino de vertigem
Jubiloso sigilo
Vejo esse ganido na madrugada:
é um demônio verde a levantar meu vestido
Emudeçamos todo desassossego
Com árias dadaístas
Um canto corpóreo, partitura de agonias
O noviciado do gozo, xamanismo
Está escrito no Livro primeiro do uivo que iluminou Buda:
minha vênus profética vulvando em teu falo que confabula
O inventário do tempo
Foi comungar no Cabaré Místico
É teu verso?
Delira-mo
Sem paletó de poeta pixote
Derrama teu inaudito vinho, menino lírico
Azulei para um verde em dó maior
Encontre-me aquém do verbo
Os ciganos esconderam a Loucura
No espartilho da musa
Um piano turbulento anuncia
O êxtase dos anjos, canção apocalíptica
Sob o dossel do silêncio
Vejo-o enfim átomo
Infinito unido ao balé de meu delta
Os olhos do Sonho solfejam o delírio:
uma sinfonia imaginária para o amante metafísico