são trovões desfilando nos muros
-intocáveis-
a lava engoliu a cidade e agora nos resta viver o inferno
as aves sobrevoam os beijos que não foram dados
recebem rajadas de ardor
uma agonia asfixiada estrangula minhas veias como o pôr do sol
fumávamos monóxido de carbono e nuvens coloridas
a lama deglutiu mariana as fábricas o trem os trilhos
o tamanho do seu pau não tem importância querido
o tamanho de qualquer dor não tem importância querido
dor é dor é dor é dor
a crosta terrestre as camadas da terra o dilúvio o solstício
quando mais fundo mais quente
mais fundo- digo
mais fundo- promete
eu arrefeço mas a profundidade não é suficiente
a catedral dos fantasmas badala toda meia-noite
e quanto mais amante mais trabalho e preguiça
o senhor dos espelhos não poupa ninguém
carimbados em nossa testa código de barras validade vincos
implorei ao senhor dos espelhos despir a túnica de são sebastião
o santo tem ombros mansos de cordeiro
carne macerada nas ervas sucosas
mais gostoso que chouriço e molusco
é bonito como a pedra que tranca o sepulcro de cristo
eu tenho muitos lábios negros e língua solta
línguas línguas línguas de secretos idiomas
tenho muitos arcos bestas balestras e alvo
e flechas e flechas e flechas que lambem da pele aos órgãos
o dia a dia é purgatório- será exibido em tela
o mundo acaba e eles gritam gozo