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25/05/2025

MAGMÁTICAS MEDUSAS ( Ana Apolinário )

 Nas madrugadas frias de julho

os pés nus tateiam a casa em ruínas
a pancada do sangue nas artérias
é quase audível
a loucura é uma pedra espessa
um diamante movediço
rebrilhando
coração eriçado
dentro da escuridão

Um verso de Herberto
vórtice, açoite
no leito ladeado de
abismos
os rostos, espectros
de singular agudeza
a música sobe
estrangula estrelas

Às três da manhã
meu olho esquerdo trepida
em contínuas ondas
de cortisol e adrenalina
as pálpebras cerradas
os pulmões em brasa
o corpo saindo
do centro gravitacional
pernas e quadris tecendo
o terremoto áureo
o desenho dos lábios dela
serpentiforme
língua vândala na vulva
vertendo magma
veias abertas
e os cornos em riste

“Eu prefiro você assim,
Vulcão”