meu marido me serve café com leite quente que recebo
[com sorriso
de petúnia quando o sol desponta para o sono
pensei em fornicar com um homem de barbas escuras
devo chorar por isso?
é bem certo que eu me entregaria em cima de qualquer obelisco
numa ala de hospital na cama da minha avó
e o homem de barbas escuras escorreria por minha pele
um ácido monogâmico que se liberta nas fronhas
os patinhos seguem graciosos nos lagos coloridos artificiais
joguei-lhes sorrisos mágoas pão e pipoca
sou pálida-pálida na mesa do necrotério
sou negra-negra na mesa do açougue
i´m not your honey baby
meu sangue escorreu por um buraquinho feito de pão de serra
agora é cachoeira esvaindo no tanque inoxidável
a minha existência desmaiou pelos canos
serviu de adubo ao solo que não reproduz
eu tenho dois olhos nas mãos mas estão cegos
você é um ciclope e tem pulmões de plástico