No mutismo da noite cúmplice
rasgue tua respiração o traje do desejo,
e surja leve como uma flor madura
a pelúcia milagrosa de meu corpo
Rompa a luz seu desbotado ouro
nas ânforas tíbias de meus seios,
vertam teus olhos seu fluxo de sombra
no musgo outonal de meus cabelos.
Em botão de alabastro guarde tua alma
o langor suave de meu silêncio,
a tua boca desfrute em uma dobra de sorriso
a romã entreaberta de meu beijo
Seja a tua voz o chocalho sonoro
para despertar meu espírito do sono,
seja teu amor a estrela misteriosa
que derrete as neves de meu corpo.
E na carícia da seda cúmplice
Curve minha cintura o peso de teus dedos,
enquanto afunda como flor de abismo
a sombra na cavidade dos espelhos.