SEGREDOS CULINÁRIOS
(Maria Lúcia Dal Farra)
Antonia se doa toda à cozinha.
Quanto às barquinhas de berinjela,
erra na mescla do recheio com queijo:
o marido carregou os filhos
lá pras bandas de Minas
e as bordas entornam,
os cascos murcham;
o legume naufraga sem rumo
na angústia do forno.
Na salada de chuchu,batata e cenoura,
nenhum escapa ao tom opressivo
da beterraba,
ativa cor que empresta cores funestas
também à boca de quem come.
Da alcachofra então
Antonia consegue um tento:
renega nela a flor que era!
Despetala-a com tal rigor
que em lugar do coração temos
(da pobre) a alma-
toda lancetada pelas farpas prontas
a se aplicarem na língua de quem reclama.
Em compensação
a carne estufada com arroz
está um primor!
Antonia, por que é que choras?
-Não choro, corto cebola.
Na salada de chuchu,batata e cenoura,
nenhum escapa ao tom opressivo
da beterraba,
ativa cor que empresta cores funestas
também à boca de quem come.
Da alcachofra então
Antonia consegue um tento:
renega nela a flor que era!
Despetala-a com tal rigor
que em lugar do coração temos
(da pobre) a alma-
toda lancetada pelas farpas prontas
a se aplicarem na língua de quem reclama.
Em compensação
a carne estufada com arroz
está um primor!
Antonia, por que é que choras?
-Não choro, corto cebola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário