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07/05/2025

DO LADO DE LÁ ( Ayana Moreira Dias )

 inoperantes versos

pendendo

dos braços

das mãos

dos dedos

da operária

 

falanges

que operam esta coisa

aqui

 

e

outras coisas

tantas

que nem pensa

que opera

enquanto faz

só faz

 

pés nos

sofás

cansados de dias

 

pernas moventes

que seguem operando

até

quando pousam

numa certa almofada

tremulam

 

exibindo

ansiedades

 

membros

pensam

sobre

o fim

do

dia.

 

qual dia?

qual fim?

qual meio?

estamos sempre no meio

 

nos presentes

pré

e

pós

operatórios

 

o braço cansa,

a nuca também

 

a forma desinforma

e

cai

em gesto seco

 

o gesto poderia ser simples,

um só:

escrever

 

do lado de lá

há desejo imenso e vário

 

enquanto pensa nos desejos,

a operária opera

 

paga contas

faz café

corrige redações

responde e-mails

renasce

caminha

rega as plantas

toma o café

varre a casa

paga sustos

faz amor

corrige atenções

responde espelhos

refaz-se

dança

rega as esperas

toma o amor

varre as preocupações