Deus despeja sua ira: o Corpo.
E toda vida se abre e tudo é possível.
Você abandona sua força no meu dorso,
e a marca das origens
vem ferir suavemente minha pele que brilha.
Não sou só o corpo nem só o corpo me habita.
Sou o que move o mundo e o seu canto,
o que me faz mulher e a sua fibra masculina;
alma que ultrapassa o sonho das partículas:
penetra mais fundo para senti-la.
Deuses bárbaros povoam as costelas.
Sereias minúsculas mergulhadas na vagina.
A mágoa de deus, oceano:
borboleta verde-azul que se debate infinita.
Seus músculos, o rosto, um coágulo
peixes sob o útero: a flor carnívora.
Sou novamente o corpo e além do corpo
a alma das partículas:
— Penetra mais fundo para senti-la.
O blogue tem a proposta de divulgar e valorizar a poesia universal sempre com ilustrações que procuram enaltecer a beleza feminina e respeitando sempre os autores das obras aqui postadas. "O único jeito de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua". ( Gustave Flaubert )