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julho 20, 2024

LONJURA ( Mariana Artigas )

 Deixe-me amar-te

Como uma mulher,
O ar pesado
Comprime
Meus dedos
Ainda enrugados.
O cabelo molhado
Tece um rastro
Do quarto ao banheiro.
Manhãs dissipam-se
Em sonolência
Ergo as pálpebras,
E a inconsistência
Dos dias
Insiste em renascer.
Cambaleando
Entre corredores
Esparsos.
Letras escrevem
As chuvas de março,
Desejos encontram-se
No vão dos ecos
Inimagináveis.
O mistério finda
A concretização
Do desejo.
Em uma fissura ínfima,
Clausura íntima,
Pinçando frases desnudas.