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julho 14, 2024

ANOITECER ( Cacilda Soares Barboza )

A noite caía macia
como o caboclo que espia
a tarde se desnudar
sem pressa sem arrepios,
sabendo o que esperar.
O vento lambia o chão
contorcia o infinito
em açoites de paixão.
Rolando em precipícios
noite e dia se amavam
em cio ardente ganindo
excitando todo o mato.
Folhas se entrelaçavam
águas se misturavam
na tarde azul que morria
puro êxtase e agonia.
Terra e céu se derramavam
nas cores do entardecer
no sol devagar sumindo
no soluço afogado
pairando abençoado
no coito do anoitecer.