Teus vocábulos são lobos vociferando nos vãos de minha vigília.
Negros chacais riscando sílabas em minha cintura.
Percorrendo a cordilheira encarnada de meus cabelos.
O terraço afogueado de meu ventre.
Os precipícios peçonhentos em meu púbis.
Teu letra decifra os mapas secretos,
traçados pelos meus sinais de nascença.
As sílabas matilham-se, em tocaia,
estremecendo os porões da pele,
conduzem-me ao coração do desvario,
devorando as carótidas do real.
O poema é um deus dançando jazz na algibeira do meu delírio.