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julho 20, 2024

MEDITO SOBRE A LENTIDÃO DOS SENTIDOS ENQUANTO TUA LETRA MUDA DE LUGAR NO MEU CORPO (Anna Apolinário)

 Teus vocábulos são lobos vociferando nos vãos de minha vigília.

Negros chacais riscando sílabas em minha cintura.
Percorrendo a cordilheira encarnada de meus cabelos.
O terraço afogueado de meu ventre.
Os precipícios peçonhentos em meu púbis.
Teu letra decifra os mapas secretos,
traçados pelos meus sinais de nascença.
As sílabas matilham-se, em tocaia,
estremecendo os porões da pele,
conduzem-me ao coração do desvario,
devorando as carótidas do real.
O poema é um deus dançando jazz na algibeira do meu delírio.