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julho 20, 2024

FREIO ANIMAL ( Ana Maria Oliveira )

 Cativa de rituais em demanda irrefletida de gozo

Em descontrolo numa precisão material
Despojo-me das roupagens óbice à intimidade
E danço ao ritmo de momices num trejeito sensual
Aprisionando a tua atenção que me profetiza um travão
Libido que comanda em forma de rasgo mental
Mas desprovido de desejo concentras-te no premente
E eu fantasiadora gerada por imperativo biológico primordial
Apagas o braseiro interior num universo simples de veemência lúbrica
Envolves-me gelidamente escondendo a flama num porte colossal
Leio nos teus olhos a imagem espelhada do desregrado
Ser de outros tempos e outros mundos intacto
Criatura meiga mas sofredora e ser amado
Voluptuosa e descalça volvo as costas ao teu desapego
Permaneces num outro globo oposto do lascivo
Foge dos teus braços o esperado ardor
Desaparece momentaneamente a paixão do teu rosto
Apaga-se então a labareda do meu coração em vulcão de clamor!
E em sublime conexão isenta de qualquer mal
Provindo de outra dimensão e consciente do efémero
Tornas-te anjo platónico meu freio animal!